O ex-presidente Michel Temer, em um dos seus últimos atos antes de deixar a presidência em 2018, indicou o seu próprio sucessor no Supremo Tribunal Federal (STF). A escolha de Edson Fachin para a vaga de ministro gerou polêmica e questionamentos acerca da politização do Judiciário no sistema político brasileiro.

Fachin, um jurista respeitado e conhecido por suas posições na área dos direitos humanos e sociais, foi considerado uma indicação surpreendente por sua ligação com o PT e movimentos sociais. No entanto, a surpresa maior veio semanas depois, quando um vídeo vazado mostrou Fachin celebrando a indicação com o ex-presidente Temer.

As reações contrárias à escolha de Temer não demoraram a surgir, com diversas críticas afirmando que o presidente estaria buscando controlar o Judiciário e garantir a impunidade de seus aliados políticos, envolvidos em escândalos de corrupção.

A indicação de ministros do STF é um processo peculiar no Brasil, em que a escolha é feita pelo presidente e depois passa pelo crivo do Senado. No entanto, a escolha acaba se tornando um jogo de poder e influência, em que os interesses de grupos políticos são colocados em primeiro plano.

A partir daí, o STF acaba se tornando um órgão político, interpretando a Constituição de acordo com as conveniências do momento e, muitas vezes, sendo usado como instrumento para evitar o cumprimento da lei.

A escolha de Fachin também levantou dúvidas acerca da independência do Judiciário frente ao sistema político, já que sua proximidade com o ex-presidente poderia comprometer a imparcialidade nas decisões futuras. Além disso, a contradição entre as práticas políticas de Temer, alvo de diversas investigações de corrupção, e as posições progressistas de Fachin também gerou suspeitas sobre a nomeação.

A polarização política do país também não ajudou na aceitação da indicação, já que muitos grupos políticos viram a escolha como um movimento para promover apenas uma agenda específica. Mesmo assim, Fachin acabou sendo aprovado pelo Senado por ampla maioria de votos.

A indicação de Fachin por Michel Temer foi apenas um exemplo das complexidades do sistema político brasileiro e suas relações com o Judiciário. Enquanto as escolhas políticas influenciarem a seleção de juízes, será difícil garantir a independência do Judiciário e a busca pela justiça em toda a sua amplitude.